Presidente moçambicano sobre defender o país das manifestações, "mesmo se for para jorrar sangue", considerando o discurso uma "carta branca" para o "assassinato do povo".
"O [Presidente] ao se ter pronunciado nos termos em que fez, não só de forma direta, dá uma orientação às Forças de Defesa e Segurança de para assim agirem - portanto, derramar sangue dos manifestantes - mas também estimula a que a polícia aja de acordo com esta orientação. Portanto, a Polícia da República de Moçambique tem agora carta branca para poder assassinar o povo moçambicano", disse Ismael Nhacucue, porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), numa conferência de imprensa, em Maputo.
Em causa estão as declarações feitas por Daniel Chapo na segunda-feira (24.02), durante um comício na cidade de Pemba, na província de Cabo Delgado, no norte do país, onde efetua uma visita de trabalho até 26 de fevereiro.
"Tal como estamos a combater o terrorismo e há jovens que estão a derramar sangue para a integridade territorial de Moçambique, para a soberania de Moçambique, para manter a nossa independência, aqui em Cabo Delgado, mesmo se for para jorrar sangue para defender essa pátria contra as manifestações, vamos jorrar sangue", disse o Presidente.
O MDM considera que Moçambique vai, agora, atingir níveis "muito mais altos de agressão ao povo" devido ao discurso do chefe de Estado, numa alusão aos confrontos violentos entre a polícia e manifestantes registados desde outubro.
"O Presidente da República deve ter capacidade de assumir os erros e criar mecanismos para a coesão do Estado moçambicano para a união e para a reconciliação nacional", acrescentou Ismael Nhacucue.
Na terça-feira (25.02), Daniel Chapo disse que o seu discurso foi retirado do contexto, considerando que a crítica era dirigida aos protestos violentos.
"Temos situações em que as pessoas acabam retirando palavras do contexto em que foram pronunciadas, com o objetivo de manipular a opinião pública", declarou Chapo, no início da sessão semanal do Conselho de Ministros, que decorreu também em Pemba.
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